Variação estilística e identidade: a concordância de número e o retroflexo na fala goiana

dc.contributor.advisor1Scherre, Maria Marta Pereira
dc.contributor.advisor1Latteshttp://lattes.cnpq.br/6129587291049735
dc.contributor.authorSouza, Elaine Cristina Borges de
dc.contributor.authorIDhttps://orcid.org/0000-0002-5440-9907
dc.contributor.authorLatteshttp://lattes.cnpq.br/7196504573729702
dc.contributor.referee1Meireles, Alexsandro Rodrigues
dc.contributor.referee1IDhttps://orcid.org/0000000319019329
dc.contributor.referee1Latteshttp://lattes.cnpq.br/9913871449747690
dc.contributor.referee2Tesch, Leila Maria
dc.contributor.referee2Latteshttp://lattes.cnpq.br/9705222558363890
dc.contributor.referee3Marchon, Amanda Heiderich
dc.contributor.referee3Latteshttp://lattes.cnpq.br/7092607283921390
dc.contributor.referee4Mattos, Shirley Eliany Rocha
dc.contributor.referee5Rezende, Tania Ferreira
dc.date.accessioned2024-05-29T20:55:47Z
dc.date.available2024-05-29T20:55:47Z
dc.date.issued2023-05-09
dc.description.abstractThe objective of this thesis is to show the existence of identity traits in Goianian speech, by means of the phenomena of nominal number agreement and the /R/ retroflex, that is, that there is a set of linguistic traits that make up the Goianian linguistic identity and that these phenomena participate in the composition of the so-called “Goianês”. Our work is in line with the research results of Shirley Mattos (2013; 2017) which show that there is an identity trait in the Goianian speech in the verbal agreement with the pronoun we in the urban orality. In order to contextualize our research, we present a brief outline on Linguistics, Variationist Sociolinguistics and proposals for the analysis of the stylistic variation: William Labov's Decision Tree approach (2001a; 2001b; 2008 [1972]); Allan Bell’s the Audience Design (1984; 2001), and Penelope Eckert’s Speaker Design (2000; 2001) and Nikolas Coupland (2001). In general, the research is developed from the perspective of the third wave in Sociolinguistics, which proposes analytical and methodological practices in continuity with previous trends, focusing on identity and agentivity aspects. Also trying to understand the phenomena proposed as identity traits of the Goianese, we present the concept of covert prestige (LABOV, 1982 [1966]; LABOV, 2008 [1972]; TRUDGILL, 1972, MILROY; MILROY, 1999 [1985]) for spelling out the reasons why particular groups or communities choose to use a nonstandard form rather than the standard form, which is expected to be the prestige form in terms of overt prestige. To show that in Goiás a positive value is attributed to what is outside the norm and/or is stigmatized, we carried out historical research which is supported by the methodology of digital ethnography (KOZINETS, 2014; POSTILL, 2017) to indicate how goianity was built and is now spread and understood in the social networks, as well as to illustrate how the Goianian understands their own speech. The research also includes an analysis of the nominal number agreement and the retroflex /R/ from a sample obtained from recordings in natural speech situations. These phenomena will be analyzed based on the speech of a female informant, 28 years old, with 18 years of schooling, a teacher in the municipal teaching network of Goiânia and a theater actress who was born and has always lived in Goiânia, in the same house. Our objective was to analyze the linguistic behavior of an informant who is, on the one hand, typically from Goiás and, on the other hand, fits the social characteristics of a speaker who tends to use the most prestigious forms. Altogether, we analyzed 989 data for the nominal agreement and 1353 for the variation of /R/ in the syllabic coda. For the noun agreement, we controlled the presence or absence of a formal mark of agreement in the inflected elements of the noun phrase based on linguistic variables: relative and linear position of the elements of the noun phrase; linguistic parallelism (preceding marks) and phonic salience in the singular/plural relationship. In the analysis of the retroflex /R/, we considered two linguistic variables: position of the syllabic coda and grammatical class, divided only between verb in the infinitive and non-verb. For both analyses, a stylistic variable was also considered: interactional context. The quantitative data analysis was performed using the software GoldVarb X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005). The results showed the confluence of factors that act in the analyzed phenomena: in relation to the linguistic variables, the two phenomena showed regularity with other research carried out on Brazilian Portuguese in which factors act more strongly for the realization of noun agreement marks and presence of /R/ retroflex in syllabic coda. When we turn to the analysis of the stylistic variable, we see the informant's stylistic transit capacity that changes the use of noun agreement marks as well as the use of the /R/ retroflex depending on which persona assumes. Isolating the data from contexts in which the interaction takes place among close friends, it is still possible to conclude that the informant has a feeling of solidarity with the other members of the group and makes greater use of the forms that, in Brazilian Portuguese, are stigmatized as typical of a caipira speech. This use of non-standard forms with a sense of solidarity and identity associated with the informant's ability to increase the use of prestigious forms in other interactional contexts is an element that leads us to identify Goianese as a case of hidden prestige.
dc.description.resumoO objetivo desta tese é mostrar a existência de traços identitários do falar goiano, por meio dos fenômenos da concordância nominal de número e do /R/ retroflexo, ou seja, que há um conjunto de traços linguísticos que compõem a identidade linguística goiana e que esses fenômenos participam da composição do chamado “goianês”. Nosso trabalho está em consonância com os resultados da pesquisa de Shirley Mattos (2013; 2017), que mostram que há um traço identitário, na fala goiana, na concordância verbal com o pronome nós na oralidade urbana. No sentido de contextualizar nossa pesquisa, apresentamos um breve percurso sobre a Linguística, a Sociolinguística Variacionista e as propostas para análise da variação estilística: a abordagem da Árvore de Decisão, de William Labov (2001a; 2001b; 2008 [1972]); a abordagem Audience Design, de Allan Bell (1984; 2001), e a abordagem Speaker Design conforme Penelope Eckert (2000; 2001) e Nikolas Coupland (2001). De modo geral, a pesquisa é desenvolvida a partir da perspectiva da terceira onda na Sociolinguística, que propõe práticas analíticas e metodológicas em continuidade com as tendências anteriores, com foco em aspectos identitários e de agentividade. Ainda procurando compreender os fenômenos propostos como traços identitários do goianês, apresentamos o conceito de prestígio encoberto (covert prestige) (LABOV, 1982 [1966]; LABOV, 2008 [1972]; TRUDGILL, 1972, MILROY; MILROY, 1999 [1985]), a fim de explicitar as razões pelas quais determinados grupos ou comunidades escolhem usar uma forma não-padrão em vez da forma padrão, que, espera-se, seja a forma prestigiada, nos termos do prestígio aberto ou explícito (overt prestige). Para evidenciar que, em Goiás, há atribuição de um valor positivo ao que foge da norma e/ou o que é estigmatizado, realizamos uma pesquisa histórica e uma pesquisa amparada pela metodologia da etnografia digital (KOZINETS, 2014; POSTILL, 2017) para indicar como a goianidade foi construída e agora é difundida e compreendida nas redes sociais, bem como para ilustrar como o goiano compreende a própria fala. A pesquisa conta, ainda, com uma análise da concordância nominal de número e do /R/ retroflexo a partir de uma amostra obtida por meio de gravações em situações naturais de fala. Esses fenômenos são analisados a partir da fala de uma informante mulher, de 28 anos, com 18 anos de escolarização, professora da rede municipal de ensino de Goiânia e atriz de teatro que nasceu e sempre morou em Goiânia, na mesma casa. Nosso objetivo foi analisar o comportamento linguístico de uma informante que, por um lado, é tipicamente goiana e que, por outro, encaixa-se nas características sociais de um falante que tende a usar as formas mais prestigiadas. Ao todo, analisamos 989 dados de concordância nominal e 1353 de variação do /R/ em coda silábica. Para concordância nominal, controlamos a presença ou ausência de marca formal de concordância nos elementos flexionáveis do sintagma nominal a partir das variáveis linguísticas: posição relativa e linear dos elementos do sintagma nominal; paralelismo linguístico (marcas precedentes) e saliência fônica na relação singular/plural. Na análise do /R/ retroflexo, consideramos duas variáveis linguísticas: posição da coda silábica e classe gramatical, dividida apenas entre verbo no infinitivo e não verbo. Para as duas análises, foi, ainda, considerada uma variável estilística: contexto interacional. A análise quantitativa dos dados foi realizada com o auxílio do programa GoldVarb X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005). Os resultados mostraram a confluência de fatores que atuam nos fenômenos analisados: em relação às variáveis linguísticas, os dois fenômenos apresentaram regularidade com outras pesquisas realizadas sobre o Português Brasileiro nas quais fatores atuam de modo mais forte para a realização de marcas de concordância nominal e presença do /R/ retroflexo em coda silábica. Quando nos voltamos à análise da variável estilística, constatamos a capacidade de trânsito estilístico da informante, que altera o uso das marcas de concordância nominal bem como o uso do /R/ retroflexo dependendo de qual persona assume. Isolando os dados de contextos em que a interação se dá entre amigos próximos, ainda é possível concluir que a informante tem um sentimento de solidariedade com os demais membros do grupo e faz maior uso das formas que, no Português Brasileiro, são estigmatizadas como típicas de uma fala caipira. Esse uso de formas não-padrão com um sentido de solidariedade e identidade associado à capacidade da informante de aumentar o uso das formas prestigiadas em outros contextos interacionais é um elemento que nos leva identificar o goianês como um caso de prestígio encoberto.
dc.description.sponsorshipFundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
dc.formatText
dc.identifier.urihttp://repositorio.ufes.br/handle/10/12738
dc.languagepor
dc.publisherUniversidade Federal do Espírito Santo
dc.publisher.countryBR
dc.publisher.courseDoutorado em Estudos Linguísticos
dc.publisher.departmentCentro de Ciências Humanas e Naturais
dc.publisher.initialsUFES
dc.publisher.programPrograma de Pós-Graduação em Linguística
dc.rightsopen access
dc.subjectSociolinguística
dc.subjectVariação estilística
dc.subjectFala goiana
dc.subjectEtnografia digital
dc.subjectConcordância nominal de número
dc.subject/R/ retroflexo
dc.subject.cnpqLinguística
dc.titleVariação estilística e identidade: a concordância de número e o retroflexo na fala goiana
dc.typedoctoralThesis
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