Aspectos da Geograficidade da alimentação em um Bairro Urbano Popular. o caso do bairro “Jardim Tropical”, município de Serra-ES

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Data
2010
Autores
Saraiva, Cleberson Prudêncio
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Editor
Universidade Federal do Espírito Santo
Resumo
Este trabalho é uma reflexão sobre a geograficidade da alimentação em um bairro popular urbano, tendo como enfoque o processo de escolha dos objetos geográficos para a compra de alimentos, a prática da agricultura em quintais e o consumo de alimentos orgânicos. O recorte espacial é o bairro Jardim Tropical, localizado no município de Serra, estado do Espírito Santo, cuja população é em sua grande parte de baixa renda, exercendo atividades que exigem pouca qualificação técnica e tendo um cotidiano bastante compartilhado. Uma parte considerável dos moradores é formada de migrantes que vieram de áreas rurais entre os anos 1960 e 1980, devido ao intenso êxodo rural provocado pela modernização da agricultura. A totalidade espaço-temporal é a realidade dos países subdesenvolvidos, proposta pela teoria dos Dois Circuitos da Economia Urbana, do geógrafo Milton Santos, dentro do quadro das profundas transformações sociais, econômicas e culturais provocadas pelo modelo de desenvolvimento baseado na modernização industrial, a partir da segunda metade do século passado, geradora de concentração socioespacial e de elevada pobreza nas grandes cidades. O espaço urbano é dividido em dois sistemas de produção, distribuição e consumo de bens e serviços, que mantém uma relação de subordinação entre si. Por meio da observação e pesquisa de campo baseadas no cotidiano do bairro, são apresentados aspectos dessa espacialidade relacionada à necessidade social da alimentação, que envolve objetos geográficos, como os grandes supermercados, mercearias, feira e os quintais dos domicílios, conjugados com as ações das pessoas entrevistadas para a escolha dos mesmos, determinadas por questões econômico-funcionais, cultural-afetivas e mesmo fisiológicas (idade e condição de saúde). Percebeu-se que a grande maioria das pessoas de renda mais baixa fazem suas compras principais/ mensais nos supermercados do próprio bairro, enquanto outro grupo, formado predominantemente por pessoas de renda superior, dirige-se, com automóveis, aos grandes supermercados. As mercearias por sua vez, concorrem com os supermercados do bairro para suprirem os consumos/compras complementares dos moradores. O cultivo dos quintais apontou uma utilização considerável, mas pouco diversificada. 7 Os entrevistados de origem socioespacial rural e de menor renda apresentaram uma participação maior entre as pessoas que possuem algum cultivo. O grupo de plantas que mais têm sofrido pressão são as árvores frutíferas, cortadas por motivos funcionais e econômicos. As plantas medicinais são as mais freqüentes nos domicílios; já as hortas, devido à exigência de mais cuidados são os cultivos menos recorrentes, mas que no entanto, expressam uma relação mais intensa com a agricultura. O consumo de alimentos orgânicos mostrou-se praticamente inexistente, apesar de parte considerável dos entrevistados conhecê-los, principalmente pela televisão, e os acharem mais saudáveis. O alto preço é apontado como desestimulante, e em menor grau, a pouca oferta. As representações que muitas pessoas têm dos orgânicos são objetivas, sendo vistos como “naturais”, “da roça” e cultivados “sem veneno”. No bairro já foi possível adquirir orgânicos semanalmente através de uma Cooperativa de Economia Solidária; contudo a pesquisa mostrou que uma quantidade desprezível de pessoas conhece-a, e que ex-consumidores apresentam queixas em relação à qualidade e à impossibilidade de escolha dos itens.
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SARAIVA, Cleberson Prudêncio. Aspectos da Geograficidade da alimentação em um Bairro Urbano Popular. o caso do bairro “Jardim Tropical”, município de Serra-ES
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